quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Jogando dados com o Universo

(poeme-se.tumblr.com)



Cá pensando com meus botões, arrisco dizer que o que de mais importante aprendi nesta minha existência, até hoje, foi a fazer escolhas. Este aprendizado, mais do que essencial, é necessário, indispensável ao nosso desenvolvimento como seres humanos. No meio em que vivemos, somos acostumados, desde cedo, a ter tudo. O universo, abundante como é, nos oferece um leque de possibilidades ao alcance das mãos, inúmeras tão atraentes que nos perdemos diante da ideia de escolher um só caminho. 

Na cultura do ter, facilmente trocamos a qualidade pela quantidade; o amor pelo prazer;  o profundo pelo superficial. Acabamos nos perdendo no mar de tudo aquilo que pode ser, deixando passar o que realmente é. Dentre tudo o que queremos, por que decidirmos por certas coisas e não outras? Por que não experimentarmos tudo ao mesmo tempo? Simples. Porque se assim o fizermos, no fundo, não experimentamos nada. Se misturamos todas as cores da paleta, obtemos um tom amarronzado, meio xoxo, que sombreia a luminosidade de cada cor na sua unidade; e ao invés de brincarmos com a ternura do azul, a vibração do vermelho, a luz do amarelo ou o fogo do laranja, nos contentamos com aquela cor de burro quando foge, que não fede nem cheira, não é bela nem feia. 

É preciso entender que, dentre tudo o que podemos querer, há coisas que queremos mais do que outras, há coisas que para um determinado ciclo são mais importantes do que outras, há coisas que, de acordo com a direção que queremos dar às nossas vidas, são mais construtivas do que outras.  E para nos aprofundarmos nessas coisas, para de fato apreendermos tudo o que cada experiência em potencial tem para nos oferecer, em termos de vivências, sensações e aprendizados, precisamos focar, direcionar a energia para um determinado caminho e abrir mão dos outros possíveis. No momento em que aceitamos que não podemos ter tudo, é que nos permitimos viver tudo o que temos. E aí, sim, está o verdadeiro brilho da vida. Aí nos entregamos aos bons e profundos encontros, em que nos conhecemos e desenvolvemos como pessoas, seres de amor que somos. Aí alcançamos a completude, a sensação de preenchimento do vazio que nos atormenta, o vazio da busca por algo que, muitas vezes, nem mesmo sabemos o que é. 

E para sabermos aquilo que realmente queremos, aquilo que de fato acrescenta à nossa alma, é preciso olhar para dentro, voltar-se ao âmago do nosso ser, e deixar fluir a luz, deixar sentir a cadência do coração, deixar falar a intuição. As nossas águas internas se guiarão pela correnteza da nossa existência, levando-nos ao nosso destino. Aí, poderemos fazer escolhas. Aí, seremos capazes de nos desfazer do medo de perder aquilo de que se abre mão. Aí, estaremos aptos a jogar nossos desejos conscientes na teia do Universo, e abrir mão dos resultados, certos de que a vida é o instante presente, e que teremos exatamente aquilo que precisamos. 

Particularmente, creio que não perdemos o que nunca tivemos, e nem temos tudo o que queremos. Melhor, então, termos tudo o que temos, sermos tudo o que somos, e desfrutarmos das nossas escolhas mais sinceras como o que de mais positivo podemos fazer por nós mesmo. Trata-se, no fundo, de ser, na nossa forma mais plena, livre, leve. Fluir. 

5 comentários:

  1. Beleza de texto e de análise. Parabéns, Anna Luiza.

    ResponderExcluir
  2. Esse texto foi escrito pra mim. Tava precisando ler isso, você me consola e entende mesmo sem saber que está fazendo isso. E isso é o que os grandes escritores conseguem fazer com aqueles que os lê e os ama. Aguardo o próximo post ansiosamente! Ju.

    ResponderExcluir
  3. Que bonito !!! Parabéns !!! bjo. Pj(amigo da sua vó)

    ResponderExcluir